sexta-feira, 26 de setembro de 2014

O que é o Estado Islâmico?


Entenda o que é o Estado Islâmico que semeia terror e fascina jihadistas
Grupo foi criado no Iraque, em 2006, por iniciativa da Al-Qaeda e tornou-se conhecido pelos massacres de xiitas e ataques suicidas contra as forças americanas

Beirute - Os terríveis crimes cometidos na Síria e no Iraque e a execução do jornalista americano James Foley mostraram ao mundo a ascensão meteórica do Estado Islâmico (EI), descrito como um "câncer" pelo presidente Barack Obama.

O que é o Estado Islâmico?

O grupo nasceu no Iraque, em 2006, por iniciativa da Al-Qaeda. Apresentava-se como o defensor da minoria sunita frente aos xiitas que assumiram o poder com a invasão liderada pelos Estados Unidos em 2003. Tornou-se conhecido pelos massacres de xiitas e ataques suicidas contra as forças americanas.

Sua brutalidade e interpretação intransigente do Islã fizeram com que as tribos sunitas o expulsasse de seu território. Caçados no Iraque, seus membros, a partir de julho de 2011, três meses após o início da revolta contra Bashar al-Assad, são chamados para lutar na Síria contra o regime.

Na Síria, rapidamente transparecem as divergências entre os jihadistas iraquianos e sírios. Os primeiros propõem a criação, em abril de 2013, do Estado Islâmico no Iraque e no Levante, mas o líder sírio rejeita a nova formação e mantém a Frente al-Nosra, que se tornou o ramo oficial da Al-Qaeda na Síria.

No início de 2014, uma guerra explode entre a Frente al-Nosra e os rebeldes sírios contra o EI. Este conflito já fez 6.000 mortos. Com suas vitórias no Iraque e na Síria, o líder do EI, Abu Bakr al-Baghdadi proclama em junho 2014 um "califado" abrangendo áreas dos dois países

Quem são seus combatentes?

Não há números exatos. O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) avalia que há na Síria mais de 50.000 de combatentes, incluindo 20.000 não-sírios, vindos do Golfo, Chechênia, Europa e até da China.

No Iraque, segundo Ahmad al-Sharifi, professor de ciência política na Universidade de Bagdá, o EI possui entre 8.000 e 10.000 combatentes, incluindo 60% de iraquianos. O EI recruta muitos combatentes por meio das redes sociais, mas vários são os rebeldes que se juntam ao grupo por medo ou atraídos por salários oferecidos.

Qual território controla?

O Estado islâmico controla cerca de 25% da Síria (45.000 km2) e 40% do Iraque (170 mil km2), um total de 215.000 km, o que equivale ao Reino Unido (237.000 km2), de acordo com Fabrice Balanche, geógrafo especialista da Síria.

No entanto, segundo ele, a maioria dos territórios controlados pelo EI, principalmente no Iraque, são desérticos, o que reduz seu efetivo controle sobre o território.

O "califado" se estende de Manbej, no norte da Síria perto da fronteira com a Turquia na província de Aleppo, em direção ao leste com toda a província de Raqa e grande parte de Hasakah e Deir Ezzor, até a localidade fronteiriça de Abu Kamal.

No Iraque, ele controla as regiões sunitas do oeste e norte, incluindo a cidade de Mossul.

Por que este grupo atrai tantos jihadistas estrangeiros?

Para o escritor e jornalista libanês Hazem al-Amin, os jihadistas ocidentais são fascinados por sua demonstração de força ao "estilo hollywoodiana". As decapitações, execuções sumárias e a conquista de territórios são elementos de uma epopeia. Além disso, de acordo com especialistas, o EI afirma que se reconectou com o Islã da época de Maomé.

Quais suas fontes de financiamento?

Os especialistas consideram que são várias as fontes de financiamento: primeiramente as contribuições dos países do Golfo, e o ministro alemão da Ajuda ao Desenvolvimento Gerd Müller acusa diretamente o Catar.

Para Romain Caillet, especialista em movimentos islâmicos, o grupo sobrevive essencialmente de autofinanciamento. Segundo ele, o financiamento externo, incluindo de algumas famílias Golfo, representa apenas 5% dos seus recursos.

Há ainda a extorsão, os tributos e as taxas impostas às populações locais. Desta forma, antes da tomada de Mossul, recolhiam cerca de US$ 100 milhões anualmente.

Além disso, há o contrabando de petróleo e de antiguidades, o resgate para a libertação de reféns ocidentais e as reservas de caixa dos bancos de Mossul, cidade tomada pelo EI no início de sua ofensiva no Iraque.

Fonte: Correio Brasiliense

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