sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Dom José Alberto Moura. Artigo sobre "Cilada" no meio político


"A melhor maneira, porém, de fazer a propaganda política e outras é mostrar os próprios valores"

É muito comum práticas de armar ciladas para derrubar a quem tem ideias, ideais e valores conflitantes com os de determinadas pessoas. Na política isso parece ser mais usual ainda. Destruir o outro é demonstração de pequeneza de caráter e meio ignóbil de querer convencer os eleitores a não votar nos outros. A melhor maneira, porém, de fazer a propaganda política e outras é mostrar os próprios valores, os bons feitos e os programas de ação para o melhor serviço de esclarecimento às pessoas.

A verdade e o bem muitas vezes incomodam a quem não os tem. A Palavra de Deus reconhece-o claramente: “Armemos ciladas ao justo, porque sua presença nos incomoda: ele se opõe ao nosso modo de agir, repreende em nós as transgressões da lei” (Sabedoria 2, 12). Por isso, o maldoso prova e até persegue e faz condenar injustamente o inocente. Foi o que fizeram com Jesus. Mas a vitória não é de quem consegue condenar a quem não o merece, apesar da justiça humana muitas vezes ser falha. No encalço do Mestre é vitorioso quem o imita na pertinácia da realização da missão. A ética assumida e vivida fala mais alto do que a mentira e a falta de respeito em relação ao bem do outro e da comunidade. Precisamos formar pessoas, desde o berço, para a altivez de caráter e a prática da promoção da vida e defesa da dignidade humana, da verdade e da justiça. A religiosidade baseada no amor de Deus faz a pessoa dar frutos de promoção da vida em plenitude, sem se deixar levar ao desânimo por encontrar a correnteza ao contrário.

O apóstolo Tiago lembra a necessidade de vivermos conforme a sabedoria vinda de Deus, que leva a pessoa a superar a ambição, a cobiça, a inveja e todo tipo de desordem (Cf. Tiago 3, 16.17). As consequências benéficas advêm na prática da justiça e na promoção da paz. De fato, quem tem a consciência reta, com os valores maiores indicados por Deus, dá base de estruturação do tecido social com benefício para todos. Felizmente temos pessoas assim formadas e conduzidas. A sociedade não é destruída como um todo devido ao ser e agir de tais pessoas. Mas precisamos multiplicá-las para a garantia da convivência mais harmoniosa. Fundamental para isso é a família bem construída. A correnteza em contrário é promovida por grupos materialistas de interesse consumista, usando de parte da mídia para veicular enganosamente o hedonismo como fonte de felicidade, mas, fugaz. Sem valores permanentes e ideal elevado de vida não se constrói a base para o progresso plenamente realizador do ser humano.

Jesus enfrenta todo tipo de cilada, mas não abre mão de sua missão, enfrentando os opositores, mesmo com o sacrifício total de si. Mas esmagou o projeto dos opositores com o contrário da agressão. Venceu pelo amor. Sua ressurreição provou que seu método divino é o remédio para todo tipo de oposição aos valores de seu Reino. Quem vence não é a força física ou a proeminência social e sim quem dá de si pelo bem do outro, até dos inimigos: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!” (Marcos 9, 37). Quem se opõe a isso sai perdendo! A lógica de Jesus é a do amor, que leva a pessoa a promover o bem do semelhante.


Dom José Alberto Moura
Arcebispo metropolitano de Montes Claros

Fonte: Arquimoc

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