Foi conturbada a visita da ex-deputada venezuelana María Corina Machado à Câmara dos Deputados. Ela se reuniu nesta quarta-feira (2) com parlamentares da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional e visitou o Plenário da Casa. Líder da oposição ao presidente Nicolás Maduro, Corina foi recebida com gritos de "golpista" e “fascista” por parte da bancada do PT em Plenário. Ela foi amparada por deputados do DEM e do PSDB.
Um dos descontentes, o deputado Fernando Ferro (PT-PE) disse que Corina faz parte de um movimento para dar um golpe na Venezuela. "Ela faz parte de uma articulação golpista na Venezuela para derrubar um governo eleito pelo voto democrático", criticou.
O deputado Amauri Teixeira (PT-BA) argumentou que a Venezuela tem soberania para tratar dos seus problemas internos. “Estamos nos imiscuindo nas decisões do povo venezuelano, recebendo pessoas que não respeitam a democracia, ao contrário do que dizem”, disse.
Já líder do DEM, deputado Mendonça Filho (PE), criticou a recepção da bancada do PT à venezuelana. O deputado disse que os petistas precisam respeitar quem pensa diferente. "É inaceitável que esta Casa não a receba de forma calorosa. Que mal ela fez à democracia?", questionou.
Para Mendonça, a deputada é uma vítima do "autoritarismo" do presidente da Venezuela, Nicolas Maduro. Na semana passada, ela teve o mandato cassado pela Assembleia Nacional venezuelana com a justificativa de que violou a Constituição, ao aceitar um convite do Panamá para falar contra o governo de Maduro em uma reunião da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Manifestações
O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) falou a favor da ex-deputada. “Eles [os críticos da parlamentar] defendem um ditador que matou mais de 39 jovens, cassou direito de expressão, calou a mídia e é comandado pelo narcotráfico”, afirmou.
O deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) disse que a situação da Venezuela é “triste”, diante da violência perpetrada nos protestos contra o governo de Maduro.
Na Comissão de Relações Exteriores, Maria Corina criticou o posicionamento do Brasil diante da crise na Venezuela e a posição do representante brasileiro na OEA, Breno Dias da Costa, que lhe cassou a palavra na reunião. Ela acabou falando no tempo cedido pelo representante do Panamá. “O mais duro de tudo foi o que fez o embaixador do Brasil. Foi o mais doído”, revelou.
A ex-deputada disse que a Venezuela tem uma inflação oficial de 54% e vive um clima de total insegurança.
É a segunda vez que deputados do DEM e do PSDB trazem à Câmara líderes de oposição a governos com alinhamento de esquerda na América Latina. No ano passado, foi recebida na Câmara a blogueira cubana Yoani Sanchez, que é contrária ao regime dos irmãos Castro, no poder desde 1959.
Fonte: Agência Câmara Notícias
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