23 anos. É o espaço que separa os protestos pedindo o impeachment de Fernando Collor de Mello e Dilma Rousseff.
Collor, o primeiro presidente eleito pelo voto direto desde a redemocratização, foi também o primeiro presidente a sofrer um processo de impeachment na história do país. A denúncia que lhe derrubou, em 1992, foi aceita pelo Congresso com base num conjunto de evidências que indicavam que não havia como ele não saber dos casos de corrupção envolvendo PC Farias, seu tesoureiro de campanha. Apesar dos indícios, no entanto, não havia qualquer prova irrefutável contra o ex-presidente, que acabou inocentado posteriormente pelo Supremo Tribunal Federal. Seu impeachment, como jamais foi negado por seus opositores, foi obra política – como é praxe nos processos de impeachment nos países democráticos. Collor havia perdido legitimidade para governar, deixando o país paralisado, completamente entregue aos apuros que seu governo havia criado. Mesmo eleito pelo voto, sua queda, à luz da história, foi justa e inevitável.
Dilma é a presidente mais rejeitada da história. Seu governo não é aprovado por 92% da população brasileira e mais de 2/3 do país pede seu impeachment – número que mesmo Fernando Collor jamais enfrentou. Envolta na pior crise econômica desde a saída de Collor, e em casos de corrupção que abalam seu tesoureiro de campanha, estatais e o primeiro escalão de seu partido, seu governo é mais rejeitado entre os mais pobres do que entre os mais ricos – segundo as últimas pesquisas de opinião, 69% dos que ganham até 2 salários mínimos são a favor do impeachment, contra 59% dos que ganham acima dos 10 salários (25% dos mais pobres são contra ante 39% dos mais ricos). Da mesma forma, mais mulheres pedem o impeachment do que homens – 67% delas ante 65% deles.
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