O ex-primeiro-ministro da França François Fillon venceu as primárias da direita francesa para as eleições presidenciais no país, marcadas para o dia 23 de abril de 2017. Fillon, do partido Les Républicains, tem prometido reformas drásticas em favor do livre-mercado, mais limites à imigração e apoio aos valores familiares tradicionais.
“Presidente! Presidente!”, gritaram os apoiadores de Fillon quando foi anunciada a sua vitória sobre Alain Juppé, de 71 anos, que também foi primeiro-ministro francês, de 1995 a 1997. Fillon, por sua vez, ocupou o cargo de 2007 a 2012, durante a presidência de Nicolas Sarkozy, que também concorreu nas primárias. É a primeira vez que a direita do país realiza primárias abertas.
Pesquisas de intenção de voto sugerem que Fillon, de 62 anos, tem grandes chances de vencer as eleições em 2017. O país vive uma ampla frustração com o atual governo de François Hollande, do Partido Socialista. A popularidade do candidato dos Républicains é um reflexo da volta do sentimento nacionalista em toda a Europa, que lhe deu vantagem sobre as posições mais centristas de Juppé.
Juppé, que parabenizou seu oponente pela vitória, expressou posições similares às de Fillon a respeito de questões econômicas, mas demonstrou uma atitude mais tolerante no que se refere à diversidade social, étnica e religiosa da França. Ele chegou a dizer que se sente “mais próximo do papa” do que organizações direitistas como La manif pour tous, que promove a “família tradicional”.
Agora, o desafio de Fillon atende pelo nome de Marine Le Pen, a candidata de extrema-direita à presidência do país. As propostas da campanha de Le Pen, da Frente Nacional, têm por alvo a minoria muçulmana, os imigrantes e a União Europeia.
O presidente Hollande deve anunciar nas próximas semanas se concorrerá ou não à reeleição. Contudo, a esquerda francesa foi profundamente abalada pela sua impopularidade e aposta as suas fichas em Emmanuel Macron, ex-ministro da economia, que tem adotado posturas mais centristas.
Perfil e propostas
Fillon é católico praticante e é casado há 36 anos com Pénélope Kathryn Clarke, nascida no País de Gales. Eles têm cinco filhos, que têm entre 34 e 15 anos. Em suas funções, ele votou contra o casamento entre pessoas do mesmo sexo e contra fertilização in vitro para mães solteiras e casais de lésbicas.
Ele também apoiou a proibição do burkíni, um traje de banho usado por muçulmanas que cobre todo o corpo, exceto o rosto. Agora como candidato, ele promete limitar os direitos à adoção por parte de casais do mesmo sexo.
Fillon promete ainda fazer um referendo sobre um sistema de cotas para imigrantes. Ele pretende reduzir a imigração legal “ao mínimo” e fortalecer o controle nas fronteiras do país.
Além disso, Fillon quer proibir os jihadistas franceses de voltar ao país. Ele é autor de um livro recentemente publicado, chamado “Conquistando o totalitarismo islâmico”. A França sofreu nos últimos anos uma série de ataques promovidos pelo Estado Islâmico.
Contra os terroristas, o candidato quer estreitar as relações com a Rússia, que, segundo ele, não é nenhuma ameaça ao Ocidente. O país liderado por Vladimir Putin sofreu sanções da parte da França por suas ações agressivas na Ucrânia. Fillon promete eliminar essas sanções.
Ele tem matizado o seu discurso com afirmações como a do último domingo, quando disse: “Ninguém deve se sentir excluído de uma sociedade que eu gostaria de ver mais justa e solidária”.
Como resposta ao desemprego no país, que atinge 10% da população em idade de trabalho, ele quer aumentar a jornada de trabalho para mais de 35 horas semanais, postergar a idade para aposentadoria dos 62 para os 65 anos e flexibilizar as leis trabalhistas do país.
Fonte: Sempre Família
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