quinta-feira, 14 de novembro de 2013

D. José Alberto Moura: "O 'dar um jeitinho' em relação à ética e à moral significa estar conivente com o ilícito"

Convicção

                
Numa sociedade de muito relativismo encontramos também muitas pessoas convictas das verdades que professam e do ideal de vida abraçado. Não cedem às tentações de lucro fácil e de desvios de conduta,  mesmo com ofertas de grandes “propinas” . Precisamos de melhorar as coordenações chaves, com encaminhamento de vida de pessoas com maior grandeza de caráter. Teremos famílias mais construtoras de ideal de vida, com a formação de valores éticos e morais adequados a uma convivência de verdadeira cidadania. Elegeremos mais pessoas para cargos políticos comprometidas com a vida digna e o bem comum, não tendo desvios de conduta e sim a prática e o ideal de servir.

               A narrativa bíblica dos Macabeus nos apresenta verdadeiro exemplo de quem tem valores e age em base à fé religiosa. Preferiram unir o povo para enfrentar as autoridades que queriam opor-se à suas profundas convicções. Lutaram até à morte e não cederam aos opositores, como disse um dos membros da família: “Prefiro ser morto pelos homens, tendo em vista a esperança dada por Deus, que um dia nos ressuscitará. Para ti, porém, ó rei, não haverá ressurreição para a vida!” (2 Macabeus 7,14).

               O “dar um jeitinho” em relação à ética e à moral significa estar conivente com o ilícito. Não é próprio de quem tem consciência formada em relação à verdade, à justiça e à fraternidade. Esses valores não se referem somente ao que é  estritamente religioso. Tratam-se, em primeiro lugar, de valores inerentes à vida e à dignidade humana, como a preservação e a promoção da vida, à dignidade da família, ao respeito ao que é do outro, ao bem comum, à defesa dos marginalizados e dos fragilizados...

               Se tivéssemos mais pessoas nas lideranças e em todas as organizações, mormente nos poderes constituídos por eleição ou escolha para cargos públicos, teríamos mais justiça social. O caráter bem formado dessas autoridades já seria uma garantia para todos, de termos um serviço público de melhor qualidade e de real efeito, sendo promotor da cidadania.

               Precisamos trabalhar muito e ainda mais para nosso povo ter também a convicção de seu papel importante na escolha dos dirigentes e de quem trabalha nas organizações com cargos eletivos. A melhora e o aperfeiçoamento das leis para a promoção da justiça pública merecem também atenção especial para que façam melhor justiça para com os injustiçados. O trabalho advocatício não pode servir para provar a “inocência” de quem é culpado. A convicção da verdade deve reger a conduta de quem realmente defende o bem e a realização do que é justo.

               A formação da consciência reta eticamente deve ser um trabalho contínuo da família e das organizações sociais, para termos resultado eficaz e de bem para todos. Se os meios de comunicação fossem utilizados para isso, teríamos mais conseqüências positivas na educação para valores. Alguns deles parece que se interessam quase só pelo ganho de dinheiro e não pelo lucro de grandeza ética, cidadã e moral. O papel da escola deveria ser guardiã da formação para a verdade, a justiça e o respeito à dignidade humana.

               D. José Alberto Moura, CSS  - Arcebispo Metropolitano de Montes Claros

Fonte: Arquimoc

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