terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Manobras políticas sufocam jornais na Argentina


"O dia 10 de dezembro marcou os 30 anos do retorno da democracia na Argentina. No entanto, a liberdade de expressão não tem motivos para comemorar. Um dos pilares do Estado de direito e do pluralismo está sob constante ameaça e pode-se dizer que o sistema argentino cambaleia. Há dez anos, jornalistas e meios de comunicação do país começaram a ser vítimas de todos os tipos de manobras políticas e também ataques físicos, especialmente no interior. Nas províncias, de acordo com o monitoramento do Fórum Argentino de Jornalismo (Fopea, na sigla em espanhol), vem crescendo nos últimos anos os ataques contra a integridade física e patrimonial dos jornalistas e das pequenas empresas de mídia.

Governo intimida jornalistas

Na verdade, há dez anos, o clima de liberdade de expressão está cada vez mais rarefeito. Meios de comunicação e jornalistas passaram a conviver, como se fosse algo cotidiano, com pressões, perseguições, agressões físicas, ações oficiais para que as grandes cadeias de supermercados não anunciem em jornais críticos ao governo, intimidação da Receita Federal da Argentina (AFIP), acusações criminais falsas, forte assédio público por parte da presidente Cristina Kirchner e seus ministros para a aplicação da Lei de Meios, e a possibilidade concreta de desmantelamento ou divisão do Grupo Clarín em unidades mais fracas. Em suma, uma robusta Hydra de cem cabeças parece ter escapado das páginas mitológicas de Jorge Luis Borges para se multiplicar em variadas estratégias de censura indireta.

Publicidade oficial só para os amigos

Por sua vez, a Corte Suprema já emitiu diversas decisões sobre a publicidade em ações do jornal “Rio Preto” e da Editorial Perfil, mas o governo continua as ignorando e segue com a prática que começou há dez anos. Em 2013. o jornal “Tiempo Argentino” recebeu o equivalente a 595 páginas de publicidade oficial, “Crónica”, 341 e o “Página 12”, 225 páginas. Enquanto isso, os dois diários com a maior circulação do país receberam, somados, apenas 2 páginas: 1,6 páginas para o “Clarin” e para o “La Nación” apenas 0,4 páginas. E algo semelhante acontece com a televisão: enquanto a TV pública (Canal 7) recebeu 270 milhões de pesos e os canais pró-governo “Canal 9” e “América” ficaram com 143 milhões e 126 milhões, respectivamente, o “Canal Treze” do Grupo Clarín abocanhou apenas 1,5 milhão de pesos no ano passado."

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Fonte:  ObservatóriodaImprensa

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