Carlos Siqueira |
Eleito presidente do PSB no momento mais tenso vivido pela sigla em sua história recente, Carlos Siqueira, não esconde a mágoa que ficou do PT, partido do qual o PSB foi parceiro durante dez anos no governo federal.
“Acho que o PT tem um estilo de fazer política muito pouco republicano. E que a mim mesmo nunca surpreendeu. Acho que essa campanha caracteriza bem a forma desse partido fazer política”, dispara em entrevista ao Congresso em Foco sobre o tom adotado no primeiro turno.
Ainda que tenha protagonizado desavenças com a ex-senadora Marina Silva, candidata à presidente pelo PSB, Siqueira condena o tom agressivo adotado pelo PT, mas atribui a presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff,responsabilidade.
“Eu acho que esse estilo Dilma é uma coisa muito própria dela. É uma coisa bem dela. O Lula tem outras características”, destaca. Carlos Siqueira garante ainda que a decisão de apoiar Aécio Neves já foi absolvida pela maioria do partido.
“Nós consideramos que é possível fazer a política de centro-esquerda em outro pólo. O PT não tem a exclusividade de políticas progressistas e nem o monopólio da esquerda, de maneira que nós não precisávamos da chancela desse partido para tomarmos a nossa posição”, completa.
Congresso em Foco – O que ficou dessa decisão de apoiar Aécio Neves?
Carlos Siqueira – Nós consideramos que foi uma decisão acertada. E, sobretudo, ela refletiu a posição dos diretórios estaduais em sua grande maioria. Nós consideramos que é possível fazer a política de centro-esquerda em outro pólo. O PT não tem a exclusividade de políticas progressistas e nem o monopólio da esquerda, de maneira que nós não precisávamos da chancela desse partido para tomarmos a nossa posição. Nós adotamos uma posição independente e é a posição que perfaz o interesse e a vontade da maioria do partido em todo país.
O PSB conversou com Aécio Neves sobre a possibilidade de exercer funções num eventual governo do PSDB?
Em relação a cargos não se tratou desse tema porque o PSB não tem tradição de fazer alianças em função de ocupar cargos, embora eventualmente possa fazê-lo. Mas colocou dez pontos para a apreciação do senador Aécio Neves e são pontos programáticos em função de interesses considerados estratégicos para o PSB e essa foi a base da nossa aliança. Uma aliança programática e não uma aliança em torno de cargos.
O que foi definidor do apoio a Aécio? Foi a campanha do PT em relação ao PSB?
Foi tudo isso! Foi a campanha pesada que a Dilma fez contra o PSB no primeiro turno, foi a tentativa de prevê o que Eduardo Campos faria e mais o fator de que nós consideramos que estamos numa democracia e é importante que haja a alternância de poder. Esse partido que está no poder, essas forças que estão no poder há 12 anos já tiveram seu protagonismo e precisam dar lugar a outras forças políticas para que a gente possa ver essa alternância que é própria da natureza democrática e possa se estabelecer por um lado. E por outro um ciclo está encerrando e poderá iniciar um novo ciclo de desenvolvimento, com outras forças políticas e não é o PT o único partido que pode agregar. Há outros! E nesse momento reconhecemos que é o PSDB de Aécio Neves e vamos procurar influenciar no sentido de realçar as políticas sociais que caracteriza a atuação dos socialistas no poder ao longo da sua história.
O tom adotado pela campanha do PT no primeiro turno em relação a candidatura do PSB foi surpreendente para vocês?
Se foi surpreendente foi para outras pessoas. Para mim, pessoalmente, não foi. Acho que o PT tem um estilo de fazer política muito pouco republicano. E a mim mesmo nunca surpreendeu e acho que essa campanha caracteriza bem a forma desse partido fazer política.
As campanhas do ex-presidente Lula também era violentas ou somente as campanhas da atual presidente?
Eu acho que esse estilo Dilma é uma coisa muito própria dela. É uma coisa bem dela. O Lula tem outras características.
Então, o senhor acredita que Dilma buscou a campanha agressiva?
Isso. Eu não tenho dúvidas.
O PSB está preparado para a oposição?
Essa é outra pergunta que só posso responder depois que a eleição passar, depois que o resultado da eleição seja anunciado. Nós estamos preparados para qualquer hipótese e vamos estudar quando o resultado for proclamado.
Leia o restante da Entrevista aqui
Nenhum comentário:
Postar um comentário