quarta-feira, 22 de outubro de 2014

"PT não tem monopólio da esquerda", "o PT tem um estilo de fazer política muito pouco republicano" Carlos Siqueiradiz presidente do PSB

Carlos Siqueira

Eleito presidente do PSB no momento mais tenso vivido pela sigla em sua história recente, Carlos Siqueira, não esconde a mágoa que ficou do PT, partido do qual o PSB foi parceiro durante dez anos no governo federal.

“Acho que o PT tem um estilo de fazer política muito pouco republicano. E que a mim mesmo nunca surpreendeu. Acho que essa campanha caracteriza bem a forma desse partido fazer política”, dispara em entrevista ao Congresso em Foco sobre o tom adotado no primeiro turno.

Ainda que tenha protagonizado desavenças com a ex-senadora Marina Silva, candidata à presidente pelo PSB, Siqueira condena o tom agressivo adotado pelo PT, mas atribui a presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff,responsabilidade.

“Eu acho que esse estilo Dilma é uma coisa muito própria dela. É uma coisa bem dela. O Lula tem outras características”, destaca. Carlos Siqueira garante ainda que a decisão de apoiar Aécio Neves já foi absolvida pela maioria do partido.

“Nós consideramos que é possível fazer a política de centro-esquerda em outro pólo. O PT não tem a exclusividade de políticas progressistas e nem o monopólio da esquerda, de maneira que nós não precisávamos da chancela desse partido para tomarmos a nossa posição”, completa.

Congresso em Foco – O que ficou dessa decisão de apoiar Aécio Neves?

Carlos Siqueira – Nós consideramos que foi uma decisão acertada. E, sobretudo, ela refletiu a posição dos diretórios estaduais em sua grande maioria. Nós consideramos que é possível fazer a política de centro-esquerda em outro pólo. O PT não tem a exclusividade de políticas progressistas e nem o monopólio da esquerda, de maneira que nós não precisávamos da chancela desse partido para tomarmos a nossa posição. Nós adotamos uma posição independente e é a posição que perfaz o interesse e a vontade da maioria do partido em todo país.

O PSB conversou com Aécio Neves sobre a possibilidade de exercer funções num eventual governo do PSDB?

Em relação a cargos não se tratou desse tema porque o PSB não tem tradição de fazer alianças em função de ocupar cargos, embora eventualmente possa fazê-lo. Mas colocou dez pontos para a apreciação do senador Aécio Neves e são pontos programáticos em função de interesses considerados estratégicos para o PSB e essa foi a base da nossa aliança. Uma aliança programática e não uma aliança em torno de cargos.

O que foi definidor do apoio a Aécio? Foi a campanha do PT em relação ao PSB?

Foi tudo isso! Foi a campanha pesada que a Dilma fez contra o PSB no primeiro turno, foi a tentativa de prevê o que Eduardo Campos faria e mais o fator de que nós consideramos que estamos numa democracia e é importante que haja a alternância de poder. Esse partido que está no poder, essas forças que estão no poder há 12 anos já tiveram seu protagonismo e precisam dar lugar a outras forças políticas para que a gente possa ver essa alternância que é própria da natureza democrática e possa se estabelecer por um lado. E por outro um ciclo está encerrando e poderá iniciar um novo ciclo de desenvolvimento, com outras forças políticas e não é o PT o único partido que pode agregar. Há outros! E nesse momento reconhecemos que é o PSDB de Aécio Neves e vamos procurar influenciar no sentido de realçar as políticas sociais que caracteriza a atuação dos socialistas no poder ao longo da sua história.

O tom adotado pela campanha do PT no primeiro turno em relação a candidatura do PSB foi surpreendente para vocês?

Se foi surpreendente foi para outras pessoas. Para mim, pessoalmente, não foi. Acho que o PT tem um estilo de fazer política muito pouco republicano. E a mim mesmo nunca surpreendeu e acho que essa campanha caracteriza bem a forma desse partido fazer política.

As campanhas do ex-presidente Lula também era violentas ou somente as campanhas da atual presidente?

Eu acho que esse estilo Dilma é uma coisa muito própria dela. É uma coisa bem dela. O Lula tem outras características.

Então, o senhor acredita que Dilma buscou a campanha agressiva?

Isso. Eu não tenho dúvidas.

O PSB está preparado para a oposição?

Essa é outra pergunta que só posso responder depois que a eleição passar, depois que o resultado da eleição seja anunciado.  Nós estamos preparados para qualquer hipótese e vamos estudar quando o resultado for proclamado.

Leia o restante da Entrevista aqui

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