O profeta Amós chama atenção para se tratar bem os mais pobres. Um dia Deus vai pedir contas de quem os lesou e procurou “comprá-los” por pequenos favores, submetendo-os como verdadeiros “cabrestos” (Cf. Amós 8,4-7).
Ao contrário, quem sabe administrar bem seus empreendimentos, coisas e funções, usa de boa fé e da sabedoria que vem de Deus para beneficiar o semelhante e toda a sociedade. Neste ano de eleições municipais precisamos, de modo especial, usar a consciência, para tirar dela a ciência de Deus, e analisarmos se estamos usando a vida para promovermos o bem a todos. Não podemos nos mancomunar com quem faz política de roubo do voto, de corrupção e descompromisso com o bem comum. Votar em quem não presta, porque recebeu algum favor dele, é lesar o bem da sociedade e a própria consciência cidadã. Vamos prestar contas a Deus pelo mal que fazemos à sociedade com nosso voto mal dado.
O Senhor nos chama a sermos bons cidadãos, que usam da inteligência e dos outros dons recebidos para colocá-los a serviço de todos. Teremos, como efeito, o bem para nós mesmos. Quem amplia, criativamente, o serviço aos outros, recebe mais intensamente a chuva de grandeza de caráter para si mesmo, sendo, de modo abundante, reconhecido pelos outros e por Deus. Ao contrário, quem mente, é corrupto, imoral e egocentrista, procura buscar vantagem de tudo e de todos para si, descumprindo o projeto de Deus, em desvantagem para si mesmo, porque lesa o bem dos outros. Este só é elogiado pelos próprios comparsas. Um dia surgem, aqui mesmo nesta vida, os efeitos de suas mentiras, engodos e roubos. O que dirá diante do Criador?! Ninguém leva vantagens materiais para a eternidade. Há até o ditado popular: “Quem semeia vento colhe tempestade”!
Como lembra Paulo, precisamos rezar pelos que governam e ocupam altos cargos, para termos uma vida em justiça e paz (Cf. 1 Timóteo, 22). O mesmo devemos fazer em relação aos que vamos eleger para nos governar. Por isso, mais ainda, pelos que vão eleger os governantes. Nesse tempo de preparação para as eleições, precisamos analisar a história de cada um para termos condição de saber bem sobre seu caráter, seus ideais e prática da honestidade e de trabalho pelo bem comum. Não podemos votar em alguém só porque nos fez alguma favor, porque recebemos um “santinho” seu, porque alguém nos pediu, ou porque o candidato nos visitou ou prometeu alguma coisa. Aceitar votar porque “roubou mas fez” é andar ao contrário da dignidade humana” Depois o voto pode custar caro para nós mesmos e para a sociedade.
Jesus mostra a necessidade de se saber administrar, usando a inteligência para se obter real resultado em relação à boa administração. Ensina a fidelidade: “Quem é fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes” (Lucas 16,10). Lembra ainda que se deve servir a um só patrão. Quem serve a Deus e ao diabo ou ao dinheiro, ou à insaciabilidade do poder, não pode receber nosso voto. Chega de sermos traídos por alguns que não têm o escrúpulo de se fingirem bons e não o serem de fato no governo e na legislação da coisa pública!
D. José Alberto Moura, CSS - Arcebispo Metropolitano de Montes Claros
Fonte: ArquiMoc
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