Se quer parecer inteligente perto de pessoas jovens, que fizeram faculdade de Humanas, entendem de bons bares e boas baladas, têm bons carros e pais que oferecem boas casas na praia, não é preciso muito esforço: basta criticar Jair Bolsonaro.
Caso não saiba quem é Jair Bolsonaro, tampouco se desespere: diga apenas que ele é homofóbico, racista, machista e misógino.
Talvez seus amigos sejam mais exigentes (mas isto é apenas para o nível “faz Ciências Sociais” ou “cita Deleuze na monografia”). Neste caso, nada de pânico, e contenha aquela vontade de estudar antes para saber do que está falando: mostre profundos conhecimentos históricos afirmando que Bolsonaro é defensor da ditadura militar, do torturador de Dilma Rousseff e ameaçou estuprar uma mulher diante de todo mundo.
Basta isto e voilà, pode correr para o abraço: mesmo se você nunca tiver ouvido falar em quem é Jair Bolsonaro, a claque vai te carregar pelos braços nos bares, vai dizer que você é articulado, politizado, inteligente e não se deixa manipular pela mídia. Se seu gosto para mulher não se importar com suvaca cabeluda, aversão a desodorantes, obesidade mórbida, cortes de cabelo saídos diretamente de uma sessão de terapia de choque, vontade irrefreável de defecar, urinar e se refastelar com dejetos em lugares públicos, aí talvez você consiga até uma intercessão carnal no fim da noite. Ou em qualquer matagal ou banheiro de Universidade.
Você não precisa conhecer Jair Bolsonaro. Não precisa e não deve. Não há uma única notícia famosa sobre ele, tão comentada como verdade inquestionável e objetiva por pessoas que juram que não se deixam manipular pela mídia golpista, que se sustente como verdade quando estudada.
Mas se as pessoas querem que você leia a coluna do Xico Sá ou do Gregório Duvivier para ainda defender o PT e a esquerda depois de “aprender” alguma coisa, o inverso é válido para Bolsonaro: caso você não o conheça, melhor. Quanto mais conhecê-lo, mais vai acabar escapando da narrativa pronta da garotada. E menos vai fazer como as pessoas de vocabulário reduzido a quatro palavras dos parágrafos acima.
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Fonte: Senso Incomum
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