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quarta-feira, 2 de março de 2016
Macri apela à herança recebida diante do Congresso: “Nos levaram à pobreza”
Mauricio Macri é um entusiasta de religiões orientais, de meditação, gosta de falar sobre a alegria, a felicidade, cita Nelson Mandela. Sempre positivo. Mas agora é o presidente da Argentina. Os problemas se acumulam, ele começa a sofrer um pequeno desgaste e reagiu no discurso de abertura do ano legislativo, perante um Congresso dividido, oferecendo aos argentinos um quadro desolador da situação do país, culpando duramente a herança recebida do kirchnerismo. “O modelo anterior nos levou à pobreza e à exclusão”, chegou a dizer o presidente entre os protestos dos deputados da oposição e o entusiasmo dos seus partidários, numa atmosfera de grande tensão política. Sem maioria absoluta no Parlamento, até agora o presidente vem usando o decreto executivo para levar a cabo importantes e polêmicas medidas de Governo – no final do ano passado, por exemplo, derrubou por decreto a lei que regulava os meios de comunicação e a telefonia na Argentina.
Macri está cercado agora por uma inflação descontrolada, acima dos 30% ao ano, em parte devido à desvalorização que realizou logo depois de chegar ao Governo, e da deriva de um país inflacionário há anos. É sua grande lápide, que pode afundar sua imagem. E por isso, quando mencionou a inflação, criou-se um dos momentos mais tensos no Congresso. “Existe inflação porque o Governo anterior a promoveu”, sentenciou o presidente. E então começou um grande tumulto. Metade da câmara, os macristas, ficou de pé e o encorajou com gritos de “Sim, nós podemos!”. A outra metade, os kirchneristas, gritou indignada com cartazes de protesto. “As empresas governam”. “Basta de demissões”. “Não ao tarifaço”. “Liberdade para Milagro Sala (uma dirigente social presa)”, se lia neles.
Os grupos de fiéis a Cristina Fernández de Kirchner estavam preparados para interromper o discurso de Macri. Embora seu filho, Máximo, que é deputado, não tenha comparecido à sessão, Andrés Larroque, um dos homens fortes do seu grupo, La Cámpora, se aproximou de Macri no meio de seu discurso para entregar-lhe uma foto de uma mulher com as costas cheias de ferimentos de bala de borracha. “Não mais repressão”, gritavam seus deputados. No meio de uma grande tensão, cada vez que o presidente falava de corrupção, Larroque mostrava cartazes diante dele: “Franco é seu pai”. “Caputo é seu amigo”. “Calcaterra é seu primo”. Todos eles são conhecidos empreiteiros de obras públicas.
A tensão atingiu um nível tal que o próprio Macri pediu “respeito à votação democrática”. Os kirchneristas exigiam aos gritos que ele os respeitasse, frente ao discurso duríssimo sobre a herança recebida. O presidente quer diferenciar-se em tudo de sua antecessora, desde o primeiro minuto. Inclusive nos detalhes. Se ela falou por quase quatro horas no ano passado no mesmo discurso de abertura das sessões parlamentares, ele só o fez durante uma hora. Tudo foi diferente. Se no ano passado havia milhares de pessoas enchendo a Praça do Congresso para aplaudir a ex-presidenta, dessa vez eram algumas centenas de macristas com bandeiras amarelas, enquanto os – também poucos – que queriam protestar foram isolados pela polícia em uma rua paralela.
Fonte: El País
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