Dois servidores da Receita Federal acusados de envolvimento em esquema de venda de sentenças no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), Eduardo Cerqueira Leite e Jeferson Ribeiro Salazar, permaneceram em silêncio durante audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Carf nesta terça-feira.
Os dois foram denunciados pelo Ministério Público, acusados de intermediar pagamento a conselheiros e ex-conselheiros do Carf em troca de sentenças favoráveis aos bancos Safra, Bradesco e Santander, que questionavam dívidas no órgão do Ministério da Fazenda.
Os dois compareceram à CPI amparados por habeas corpus que lhes davam o direito de permanecer calados e não se autoincriminarem.
Na semana passada, em depoimento à CPI, o ex-conselheiro do Carf Jorge Victor Rodrigues admitiu ter conversado sobre valores e comissões com Salazar, mas alegou que o diálogo não passou de uma prospecção de negócios.
Leite e Salazar foram denunciados juntamente com Jorge Victor Rodrigues, Lutero Fernandes do Nascimento, João Inácio Puga e o banqueiro Joseph Safra por corrupção em julgamento do Carf.
Banco Safra
O banco questionava uma dívida de R$ 1,8 bilhão. De acordo com a denúncia, dois servidores da Receita Federal, Lutero e Leite, teriam sido corrompidos e atuado em benefício do banco Safra a pedido dos dois executivos – Safra e Puga. A atuação teria sido intermediada pelos dois ex-servidores da Receita que criaram empresas de consultoria – Salazar e Rodrigues.
De acordo com a Polícia Federal, os dois servidores e os dois ex-servidores da Receita teriam cobrado R$ 15 milhões para obter resultados favoráveis ao banco Safra.
Ainda de acordo com a PF, Leite teria se reunido com executivos do Bradesco em 2014 para discutir multa de R$ 3 bilhões. O Bradesco acabou perdendo o recurso por 6 a zero no Carf.
O dono do banco Safra, o empresário Joseph Safra, foi convocado para depor na CPI, mas o requerimento de convocação está sendo questionado por vários deputados, que alegam que o banqueiro não participava desse tipo de decisão.
Segundo a Operação Zelotes, da Polícia Federal, empresas devedoras usaram escritórios de advocacia para aliciar conselheiros, o que teria gerado prejuízos de quase R$ 20 bilhões aos cofres públicos.
“Sou servidor da Receita há 19 anos, nunca prestei serviço junto ao Carf e estou aqui como denunciado, com o direito constitucional de permanecer em silêncio”, limitou-se a dizer Eduardo Leite.
Leia mais aqui
Fonte: Agência Câmara
Nenhum comentário:
Postar um comentário