“Faz 14 anos que meu irmão foi assassinado, pô!”, protesta Bruno Daniel, que já viveu como asilado político na França após comprovar o risco iminente de assassinato da família. “Se assassinaram e torturaram o meu irmão, por que então não fazer o mesmo com quem briga o tempo inteiro para que o caso seja elucidado? Então medo, medo existe. Aí a gente toma as precauções que são cabíveis”, explica, de volta ao Brasil.
O crime não foi elucidado, o principal suspeito, Sérgio Sombra, ainda não foi julgado, mas o processo já andou bastante. Além da condenação de 6 pessoas por envolvimento com o sequestro, tortura e morte do prefeito Celso Daniel, o mais importante é que foi aceita a tese de crime planejado do Ministério Público. Para a Justiça brasileira, é certo que não se trata de um crime comum, como defendiam inicialmente tanto a polícia quanto o PT.
As investigações da operação Lava Jato, ouvindo o publicitário Marcos Valério, condenado à cadeia pelo esquema do mensalão, acabaram montando a comprovação documental de um fato novo e importante ligado ao assassinato do prefeito de Santo André.
“A Lava-jato descobriu que efetivamente foram transferidos recursos para esse chantagista, que é um empresário lá de Santo André, um empresário do ramo de comunicações e do ramo de transportes, chamado Ronan Maria Pinto”, explica Bruno Daniel. “Ele é extremamente conhecido, ele é poderoso e ele comprou o jornal Diário do Grande ABC a partir desses recursos que foram obtidos através de mecanismos ligados ao petrolão. E quem fez a transferência desses recursos foi o empresário e amigo do Lula, o Bumlai, que está preso”.
A partir das novas descobertas, o irmão do prefeito assassinado questiona: “Eu deixo a pergunta: qual a chantagem que teria sido feita pelo Ronan Maria Pinto em relação ao Lula, José Dirceu e Gilberto Carvalho? Essa é uma pergunta que precisa ser respondida. Então, houve a chantagem? Qual foi o motivo dessa chantagem? Nós estamos falando da cúpula do PT.”
Além da chantagem, há outros pontos importantes ainda não esclarecidos. “É necessário responder por que o Celso, antes de ser assassinado, foi torturado? É necessário saber, ainda, por que houve inúmeras queimas de arquivo após o assassinato do Celso”, afirma Bruno Daniel.
O irmão que espera há 14 anos elucidação do assassinado do prefeito de Santo André faz um apelo aos responsáveis pela Lava Jato. “Diante desse turbilhão todo e dos muitos bilhões que estão sendo descobertos, o assassinato do meu irmão fica em segundo plano. Por isso, é bom lembrar que ainda tem muita coisa para ser descoberta”, provoca.
Fonte: Jovem Pan
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