sexta-feira, 1 de abril de 2016

Lava Jato é esperança de justiça para Bruno Daniel, irmão de Celso Daniel

“Faz 14 anos que meu irmão foi assassinado, pô!”, protesta Bruno Daniel, que já viveu como asilado político na França após comprovar o risco iminente de assassinato da família. “Se assassinaram e torturaram o meu irmão, por que então não fazer o mesmo com quem briga o tempo inteiro para que o caso seja elucidado? Então medo, medo existe. Aí a gente toma as precauções que são cabíveis”, explica, de volta ao Brasil.

O crime não foi elucidado, o principal suspeito, Sérgio Sombra, ainda não foi julgado, mas o processo já andou bastante. Além da condenação de 6 pessoas por envolvimento com o sequestro, tortura e morte do prefeito Celso Daniel, o mais importante é que foi aceita a tese de crime planejado do Ministério Público. Para a Justiça brasileira, é certo que não se trata de um crime comum, como defendiam inicialmente tanto a polícia quanto o PT.

As investigações da operação Lava Jato, ouvindo o publicitário Marcos Valério, condenado à cadeia pelo esquema do mensalão, acabaram montando a comprovação documental de um fato novo e importante ligado ao assassinato do prefeito de Santo André.



“A Lava-jato descobriu que efetivamente foram transferidos recursos para esse chantagista, que é um empresário lá de Santo André, um empresário do ramo de comunicações e do ramo de transportes, chamado Ronan Maria Pinto”, explica Bruno Daniel. “Ele é extremamente conhecido, ele é poderoso e ele comprou o jornal Diário do Grande ABC a partir desses recursos que foram obtidos através de mecanismos ligados ao petrolão. E quem fez a transferência desses recursos foi o empresário e amigo do Lula, o Bumlai, que está preso”.

A partir das novas descobertas, o irmão do prefeito assassinado questiona: “Eu deixo a pergunta: qual a chantagem que teria sido feita pelo Ronan Maria Pinto em relação ao Lula, José Dirceu e Gilberto Carvalho? Essa é uma pergunta que precisa ser respondida. Então, houve a chantagem? Qual foi o motivo dessa chantagem? Nós estamos falando da cúpula do PT.”

Além da chantagem, há outros pontos importantes ainda não esclarecidos. “É necessário responder por que o Celso, antes de ser assassinado, foi torturado? É necessário saber, ainda, por que houve inúmeras queimas de arquivo após o assassinato do Celso”, afirma Bruno Daniel.

O irmão que espera há 14 anos elucidação do assassinado do prefeito de Santo André faz um apelo aos responsáveis pela Lava Jato. “Diante desse turbilhão todo e dos muitos bilhões que estão sendo descobertos, o assassinato do meu irmão fica em segundo plano. Por isso, é bom lembrar que ainda tem muita coisa para ser descoberta”, provoca.

Fonte: Jovem Pan

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